Ciência vs pseudociência



“Em sociedades presididas em princípio pela racionalidade, quando esta se dilui ou se desloca, os cidadãos se vêem tentados a recorrer a formas de pensamento pré-racionalistas. Voltam-se para a superstição, o esotérico, o ilógico, e estão dispostos a crer em varinhas mágicas capazes de transformar o chumbo em ouro e os sapos em príncipes. Cada vez são mais os cidadãos que se sentem ameaçados por uma modernidade tecnológica brutal e se vêem impelidos a adoptar posturas receosas anti modernistas.”
É certo que enfrentamos uma situação paradoxal: por um lado podemos colectar numerosos indicadores da crescente importância (e necessidade) da ciência e suas tecnologias na sociedade actual, da cada vez maior relevância da chamada comunicação social da ciência (jornalismo, divulgação, museus ou centros de ciência, mundo educativo... que constituem as ligações tatuais entre a pesquisa científica e os cidadãos); por outro, a avaliação ou apreciação social desta mesma ciência não se ajusta ao papel que ela tem na sociedade. Mas, além disso, podemos perceber um crescente irracionalíssimo, associado normalmente com o que neste trabalho denominaremos globalmente pseudo ciências (que definiremos por extensão e por exclusão no tópico seguinte).
O paradoxo consiste em que se agora mesmo removêssemos os produtos da tecnocracia, a civilização humana entraria em colapso. Apesar de a desconhecermos ou subestimarmos, a ciência – atenção! Também culpável de cumplicidade com os sistemas económicos e de poder, não se creia em uma espécie de torre de marfim acima do bem e do mal –, a ciência, dizíamos, é o substrato base do nosso presente e a única via factível de futuro. O problema deriva para uma percepção da ciência como uma espécie de igreja com seus rituais e seus oficiantes: nós cidadãos chegamos, em geral, a desfrutar dos dons da ciência, mas sem chegar a compreendê-los nem a analisá-los. Que isto seja erróneo e equívoco não impede que algo assim suceda. Quando por uma razão ou outra se furta ou evita o debate, a livre crítica que está no fundo do método científico, fica a liturgia. E as pseudo ciências aproveitam este abismo entre ciência e sociedade para aparecer como ciências quando realmente não o são.

Bibliografia·
Autor: Javier ArmentiaData: 13/03/2008
Site: http://ateus.net/artigos/charlatanismo/ciencia_vs_pseudociencias.php

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